quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Somos adultos famintos e já com dor de barriga de tanto comer

Somos crianças em uma loja de doces. O consumismo aprende a falar antes mesmo que possamos engatinhar.

Tudo está ao nosso alcance, atraindo nossos olhos às prateleiras coloridas, nos convidando a pegar tudo o que couber em nossas mãos ou bolsos. E nada preenche o vazio

Armários lotados de nada, pilhas e pilhas de coisa alguma!

Um corre-corre danado para que saibam que você se veste bem, mora bem, vive bem e, assim, você fica bem. Ou não. Afinal, você não esqueceu de nada! O filho jogando bola com a parede e o(a) esposo(a) conversando com o travesseiro. É, está tudo bem, no seu devido lugar, com seu devido valor. Claro, aquele que você deu. Mas, tudo bem! Depois a casa dos sonhos, vazia, acolherá o desespero da solidão.

É impossível ser feliz sozinho!

Somos adultos mimados, querendo sempre mais: o carro do ano, o novo modelo de smarthphone, um novo emprego, um maior salário ou um novo amor, qualquer coisa que supra a falta que sentimos de sei lá o que.

E o número de suicídios aumentando. Seja pobre ou rico, todo mundo encontra seus motivos para viver, ou morrer.

Somos famintos, sem forma e sem cor. 

Estacionamos o carro que mal podemos pagar sob um teto que não é nosso, abrigando coisas e coisas, com preços, em parcelas. Vale mais o que se vê, uma imagem linda e sem conteúdo. Fácil acesso às mãos incansáveis do ter mais do que se pode.

Somos crianças em uma loja de doces, esperneando para conseguir tudo o que nos é oferecido, mesmo que seja dispensável. E acabamos dando preço a tudo, em vez de dar valor.

Ah, se pudéssemos apenas acumular amigos, família, amor. Valor. Se pudéssemos ter coisas que não podemos dar um preço e conquistar em parcelas, talvez os corações não fossem vazios com tanto em volta. 

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