segunda-feira, 9 de junho de 2014

A ingratidão de querer muito e ser pouco


Hoje eu vou começar assim: Quem é fiel no pouco, também é fiel no muito, e quem é desonesto no pouco, também é desonesto no muito. Assim, se vocês não forem dignos de confiança em lidar com as riquezas deste mundo ímpio, quem lhes confiará as verdadeiras riquezas? E se vocês não forem dignos de confiança em relação ao que é dos outros, quem lhes dará o que é de vocês? (Lucas 16:10-12)

Por essas e outras é que considero a Bíblia um livro que servirá sempre para o passado, presente e futuro! 

Muitos compreendem esse texto como sendo referente às riquezas materiais, mas há não muito tempo descobri que há outras riquezas que estamos deixando de ser fieis cada vez mais, como: sonhos, ações e  valores éticos.

Infelizmente, percebo uma sociedade cada vez menos fiel ao pouco e que almeja o muito, cobra dos outros, mas não dá conta do pouco que lhe é colocado a baixo de seus próprios narizes. Sinceramente, quem não sabe ser fiel no pouco, não pode exigir o muito de seus políticos, por exemplo.

Vou me explicar melhor.

Vejo pessoas desesperadas para ter uma profissão que lhes garantirão muita riqueza e consequentemente a felicidade que esperam a vida toda de estudos e dedicação de trabalho, mas antes de chegar a isso - o muito - não conseguem se alegrar com o que já tem - o pouco. Vejo pessoas desesperadas para ter um país sem corrupção - o muito -, mas vejo poucos jovens que fazem a sua parte: sendo exemplo de honestidade no trabalho, na faculdade ou escola, em casa, no bar com os amigos, ou no "troquinho" que veio a mais da padaria - o pouco. Vejo pessoas desesperadas querendo um mundo melhor, sem miséria na África ou no nordeste do Brasil - o muito -, mas vejo poucos jovens se importando com os menos favorecidos ao redor, próximos, - o pouco.

Não sei se estou conseguindo ser clara, mas percebo uma geração que só sabe reclamar da falta do muito, mas não consegue lidar com o pouco que lhe é dado, que está ao alcance de mudança.

E dá-lhe protestos por um Brasil mais justo, por uma mudança de fora para dentro, dos poderosos, governantes, mas ninguém faz protesto para si mesmo, por uma mudança de dentro para fora, para a honestidade do pouco.

Particularmente, entendo que se todas essas pessoas que foram às ruas nas manifestações, que tiveram pico de audiência no ano passado, realmente buscassem honestidade pessoal, antes de buscar a dos outros - governantes -, nosso Brasil já seria um pouco melhor. Porque corrupção é apenas a desonestidade que antes era feita no pouco e ganhou oportunidade de ser feita no muito.

O problema do governo brasileiro, da sociedade desigual e dos grandes problemas escancarados saem do pouco para o muito e não o contrário. Está na hora de sermos fiéis no pouco para exigir o muito. Porque se não formos dignos de confiança em relação ao que é dos outros, quem nos dará o que é nosso?

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Crítica: Malévola


   
   A releitura dos contos de fadas nos cinemas tem se tornado algo comum nos últimos tempos. A começar por Snow White and The Huntsman (2012), chega a vez de A Bela Adormecida entrar na lista de adaptações.

   Dirigido por Robert Stromberg (em sua primeira vez como diretor) e roteiro de Linda Woolverton, Malévola traz uma versão bem diferente da qual estamos acostumados a ouvir sobre a princesa adormecida. O longa, uma adaptação do filme Disney Sleeping Beauty (1959), que é uma adaptação do conto de Charles Perrault, datado de 1697 e que por sua vez é uma adaptação do conto escrito pelos irmãos Grimm em 1634, traz a história de um ângulo totalmente oposto à de todas as versões anteriores: o da própria vilã, Malévola.

   Malévola (Angelina Jolie) é uma fada madrinha pertencente ao reino de Moors. Na sua infância, conhece Stefan, um menino de um reino sem nome. À medida que crescem, se apaixonam. No entanto, a ambição do garoto os afasta e o amor que antes havia entre os dois, hoje cede lugar ao ódio. Stefan (Sharlto Copley), agora rei, torna-se pai de Aurora (Elle Fanning), uma princesa agraciada com tamanha beleza e simpatia. Ao tomar ciência do nascimento da menina, a amargurada Malévola lança sobre Aurora um feitiço, que se concretizaria no décimo sexto aniversário da princesa. A maldição a poria em um sono profundo no qual apenas o beijo do verdadeiro amor poderia despertá-la. Na tentativa de impedir que a tragédia ocorresse, o rei delega à três fadas a função de cuidar de Aurora até que ela complete seus dezesseis anos e assim pudesse retornar ao reino.



   Até então, há uma proximidade com o filme de 1959. Até então.

   Em Malévola, a temida vilã desenvolve laços afetuosos com Aurora. Juntamente com seu corvo/servo Diaval, a “antagonista” da trama passa a demonstrar mais compaixão e amor pela princesa do que as próprias madrinhas cuidadoras.

   O longa é recheado de efeitos especiais (só consigo imaginar áreas enormes tomadas por fundos verdes) afinal, trata-se de um conto-de-fadas, com  - wait for it - fadas(!) monstrosetudomais. E é nesse ponto que se deve destacar a proeza e facilidade com que Stromberg consegue abusar dos mesmos. O diretor tem uma bagagem de peso em efeitos visuais, a saber: Piratas do Caribe: No Fim Do Mundo, Jogos Vorazes, A Bússola de Ouro e por aí vai. Cenários incrivelmente elaborados, figurino também bem produzido e trilha sonora igualmente impecável.


   O elenco é encabeçado por Angelina Jolie, que mesmo com asas negras e chifres consegue agradar a todos, Elle Fanning (Ginger e Rosa) e Sharlto Copley (Elysium) que desempenham com primazia seus papéis, embora com uma profundidade aquém do que fora explorada por Jolie. Aliás, é sem sombra de dúvidas que Angelina é a principal responsável por levar muitos dos espectadores de variadas faixas etárias a acompanhar a película.

   Por fim, Malévola, corrobora o sucesso das adaptações. Reinventar é preciso. Alcançar novas gerações é necessário. 



Nota de 0 à 10: 7.0

Ficha Técnica:

Maleficent
EUA , 2014 - 97 min
Fantasia
Direção: Robert Stromberg
Roteiro: Linda Woolverton
Elenco:Angelina Jolie, Sharlto Copley, Elle Fanning, Sam Riley