sábado, 24 de março de 2012

Só mais essa vez

Enquanto a caneta escorregava das minhas mãos
palavras algumas rabiscavam o chão.
Em sentimentos não me sentia,
nesse o mundo que girava em mentira.
Pois eu perdi o chão
enquanto encontrava meu coração.
No seu sorriso eu perdi meu mundo
e um novo mundo encontrei
enquanto me perdia em seus sorrisos.
No entanto, meus avisos susurravam
de que isso não podia ter um fim,
mas eram tão fortes quanto a certeza de sua chegada.
Faz-me esquecer do redor
e lembrar-me de te olhar de novo.
Só por mais uns minutos,
só por mais essa vez.
E de vez em vez fui me prendendo
nisso tudo que faz de nós sermos ao não ser.
Sentir sem querer, saber sem ligar,
porque se for pra arriscar
que seja pra sorrir só mais essa vez.
Só pra me encontrar
enquanto me perco pra não te perder.

Gabriella Oliveira.

quarta-feira, 21 de março de 2012

O prato principal..

      Vontade de escrever, mas não sei bem sobre o que. Então decidi escrever sobre a vontade de escrever sem saber sobre o que. HÃM?
      Sabe, tem dias que você está tão tumultuado, cheio de sentimentos, pensamentos e preocupações que acabam criando um buraco negro dentro de si – um vazio de massa densa. Pra mim essa é a melhor definição para os dias atuais: um bando de vazios densos vagando por ai.
      Durante o dia você acumula tanta coisa que acaba se dando conta de que separa-los organizadamente passa a ser uma tarefa árdua. Então, a hora que você para pra pensar: pane no sistema. É dai que surge a famosa insônia ou um sono pesado no qual você acorda como se não tivesse descansado. E não descansou mesmo! Descansar é mais que deitar e pegar no sono. É deixar que as preocupações do amanhã não tumultuem o seu hoje.
      Um fato: o ser humano sempre tende a procurar onde refugiar-se. Eu, por exemplo, costumo refugiar-me no meu quarto com música, violão, bíblia, oração ou um caderno e uma caneta. Mas talvez ainda haja outras fugas como palavras ásperas ou chulas, bebidas, cigarro, drogas, silêncio, carência, livros, filmes, seriados, televisão, novela, café, doces, entre outros. Enfim, para todo vazio busca-se o preenchimento.
      Mas minha conclusão da noite foi: se a teoria do buraco negro revela que ele suga tudo para o nada e tende a crescer, logo, conclui-se que, quanto mais “fugas” absorver, na tentativa frustrante de preencher esse buraco, maior ele ficará e mais coisas e doses delas você terá de absorver para preenchê-lo. Não que essas fugas sejam totalmente desnecessárias ou ineficazes, mas, talvez, foram criadas como complemento e não como prato principal.
      Ai vem a pergunta: o que realmente trás paz? Qual é o tamanho real do seu vazio? A minha resposta é: o tamanho da paz é exatamente o tamanho do seu vazio, basta saber saborear o prato principal antes de desfrutar do complemento.

sábado, 3 de março de 2012

Fast-Happiness!

     Essa é a era dos apressados, a era da ansiedade e sua consequênte angústia pela ausência do descanso. Noites sem descanso até mesmo para os que dormem. Mas, como pensar em PAZ sem tempo de parar ou descansar? Afinal, paz na guerra é o seu fim? Paz na tempestade é o arco-íris? Talvez não.
     Estive refletindo e tantas coisas me vieram à mente e ao coração. Paz parece algo tão indefinido não é mesmo?! O que seria paz: o fim da turbulência ou o descanso em meio à ela?
     Paz é um estado de espírito? Um sentimento? Pode ser uma opção?
     Tantos ao fim de seus dias corridos, estressantes, sem tempo, deitam suas cabeças no travisseiro procurando o sono para ficar em paz, mas dormir significa paz? Veja bem, se dormir significa o fim da correria do dia e mesmo assim não há paz - muitas vezes devido à preocupações do amanhã - então paz não pode ser o fim da turbulência, senão não ficariamos inquietos durante a noite, simplesmente apagariamos e no dia seguinte começariamos tudo de novo e renovados (esse teoria seria linda na prática).
      Portanto, será possivel haver paz em meio a turbulência? Bom, talvez, em um momento de estabilidade, a resposta pronta seja "sim". Entretanto, é muito mais difícil parar para pensar e realmente descansar em meio aos problemas!
      Contudo, entendi que paz é exatamente o descanso, e não ao fim dos problemas, mas, em meio à eles. É quando tudo parece desmoronar na sua cabeça e você se angustia, sofre, e de repente, mesmo sem uma solução, você se depara com uma calmaria - talvez por escolha - então quando solucionado você pensa em como foi bobo de ter antecipado tanto seu sofrimento, com uma solução, quem sabe, simples. Isso é paz! Descanso quando há agitação.
      Provavelmente eu sou a pior pessoa para aconselhar o descanso, a espera. Porque, na maioria das vezes falar é muito mais fácil, porém, entendi na prática o quanto nos angustiamos por coisas que nem chegaram ainda, coisas que nem estão ao nosso alcance resolvê-las.
     Vivemos na era do fast-food, tudo na hora, tudo na mão, tudo pra ontem. Acabamos sempre vivendo nossa felicidade pautada no amanhã e o presente é feito de momentos. Tentamos nos preencher de prazeres rápidos, pois não podemos perder tempo com bobagem. Esse é um mundo no qual habitam "serezinhos" sociais que dizem: "para esse novo ano eu desejo mais paz". Entretanto, são os mesmos que ao ver alguém calmo na correria de um problema alheio questionam: "por que está parado? Você precisa fazer algo, RÁPIDO".
      É, não é fácil. Mas, podemos escolher ter paz e devemos escolher onde depositar nossos problemas para enfim DESCANSAR. Paz em uma sociedade na qual clama por mais tempo, mais agilidade, instantaneidade. Isto é, não preocupar-se com o amanhã, ou pré-ocupar-se do amanhã.
     
     "Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo, e aprendei de Mim, que Sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o Meu jugo é suave e o Meu fardo é leve." Mateus 11:28-30.