quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Ironias do amor e da ciência

   Pediram para eu parar de amargura no coração e falar sobre coisas de amor. Mas, antes que eu comece a me declarar para o meu príncipe encantado, aviso que falarei de amor criticando (com muito carinho, claro) caretices e, claro, alguma música do gênero sertanejo “universitário”.

   Bom, como os sertanejos universitários pararam de ser românticos para falar de “mulher objeto”, cerveja, festas, carros, músculos e outras inutilidades (que não precisam de cérebro para ser escritas, como o funk), ou eu usava uma música dos bons, velhos e reais sertanejos ou da Paula Fernandes. Obviamente, a escolhida foi a Paula Fofa Fernandes.

   Primeiro eu bato, depois assopro!

   “Quero ser pra você a lua iluminando o sol, quero acordar todo dia para te fazer todo o meu amor.”

   Vamos lembrar duas coisas básicas: O Sol é um astro lumiado (possui luz própria) e é a estrela central do Sistema Solar. Todos os outros corpos do Sistema Solar, como planetas, asteroides, cometas e poeira, bem como todos os satélites associados a estes corpos, giram ao seu redor. Já a querida Lua é o tal do satélite associado ao nosso planeta lindo, que até o que se sabe é o Planeta Terra, caso alguém esteja perdido ainda, e é um corpo iluminado, ou seja, reflete a luz de outro corpo, que no caso seria o Sol. Mas isso para pessoas normais, não para os apaixonados.

   Para a letra ficar lindamente correta deveria ser cantada assim: “Quero ser pra você a lua iluminada pelo sol, quero acordar todo dia para blá, blá, etc.”. Mas, agora eu defenderei a mente confusa dos apaixonados (quem se surpreendeu fala ÓÓH). Sim, eu defenderei alguma coisa na vida, mas não o sertanejo, defenderei somente a licença poética dos apaixonados.

   Veja bem, o obvio é o sol iluminando a lua, mas para os apaixonados, o obvio não basta! Precisamos de mais, precisamos roubar o céu e o mar para roubar seu coração (você é raio de saudade meteoro da paixão), precisamos de uma subjetividade que a ciência não explica. Isto é, precisamos ser uma lua para não ser o principal nessa história de amor! E perceba que assim o eu-lírico se rebaixa a algo sem brilho próprio, que precisa de outro corpo celeste (vulgo o amado) para ser alguém com relevância, ao mesmo tempo o eu-lírico declara que o amado é o ser mais importante de todo um sistema solar, e, digo mais, ainda promete ao bem-querer que ele pode ser uma pessoa melhor para a felicidade eterna do companheiro (a ponto de deixar de ser um iluminado para ser um lumiado).

   Olha que bonito! E com essa baboseira toda concluímos que os apaixonados são caretas, dramáticos, poetas e são capazes de prometer qualquer coisa para estar com quem ama. E também descobrimos que o universo é grande para os apaixonados terem elementos para falar de amor e para prometerem ir buscar, roubar e etc só pra dar de presente.

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