terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Pro dia nascer feliz.

Eu particularmente gosto da noite. A noite é o silêncio de dentro da mente e coração. Talvez seja quase impossivel sentir isso no dia. O dia é correria, é a vida morrendo a cada segundo lá fora em um mundo que não vai parar pra você não se atrazar, não errar de novo, não deixar de pensar no essencial, não deixar de viver como deveria ou sonhou. E a noite é o seu mundo, sua reconstrução. Alguns pensam que nela vivem, mas talvez morrem, senão inteiros por dentro. E você, ou melhor, eu, enquanto não vivo para muitos, tento viver, tento olhar onde errei, tento viver o que sonhei, imagino o amanhã, conto os segundos para um novo jeito de viver, sorrir, ficar ou partir. A noite pode ter essa solidão, quem sabe um vazio, mas ela preenche o que o dia destruiu. Fecho os olhos nela pra acordar com o coração em paz, um recomeço, páginas de uma história. Mas o que seria da noite sem o descanso? Impossivel viver o dia sem passar pela noite. Sem descanso a noite é longa e o dia se torna passageiro, sem sentido, sem caminho. E onde está o sentido para tudo isso? Um paradoxo tão interligado. O dia sem a noite, a noite sem o dia. Deitar a cabeça no travisseiro e saber que o dia foi vivido como deveria; e na noite saber onde acertar no próximo dia. O sentido: não enlouquecer. Fico imaginando como as pessoas se acabariam com dias sem fim, sem descanso, sem parar, quanto mais horas nos dessem mais achariamos com o que nos preocupar. E a noite: haveria solidão demais em um lado que levaria a mais desapego com a vida; e muito descanso do outro que levaria à mais apego em si mesmo até a auto-destruição em massa. Mas tudo está na ordem perfeita (ou deveria estar): um equilibrio entre o dia e a noite, o viver e errar, avaliar, tentar e acertar. Certo, há um sentido para o dia e a noite. Alguém que planejou nos minimos detalhes um caminho sensato para não haver auto-destruição em massa (e tenho certeza que não foi uma explosão, muito menos a mente humana). A mente humana é insensata, ao ponto de me fazer ter quase plena certeza de que se o homem pudesse aumentaria as horas do dia e diminuiria da noite para não perder a produção capitalista e egoista do dia (pelo menos aumentaria o numero de emprego para os psicologos). Mas e o sentido para a vida qual é? Nesse jogo de dia e noite. Nessa luta contra o realmente viver ou simplesmente fluir. Talvez em alguma dessas noites eu possa descobrir.

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